A Igreja começa no dia 3 de dezembro um tempo novo: é o tempo de Advento, tempo de preparação para o Natal que se aproxima.

Ressoa na Liturgia da Igreja o convite a anunciar a feliz notícia: “Deus vem!” Duas palavras apenas anunciam a todos os corações a esperança que renova a vida do homem e lhe abre horizontes de uma vida em plenitude. Duas palavras apenas são luz que ilumina o nosso caminho, que aquece os nossos corações e nos abre ao amor de Deus e ao nosso próximo. “O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos” (1 Tes 3,12).

Advento, em latim Adventus, significa ‘vinda’. Em que consiste, então, a vinda do Senhor? Será que está vinda também nos envolve e responsabiliza?

Caminhar em tempo de Advento é olhar para o nascimento de Cristo, há mais de dois mil anos; é apontar para a Sua última vinda gloriosa; mas é também estarmos vigilantes e atentos às Suas vindas, no hoje das nossas vidas.

Preparar o Natal é olhar para a vinda de Cristo. Ele já veio. Nasceu num lugar concreto, num país concreto e transformou a nossa história e a nossa vida. Naquela pequena povoação da Judeia, em Belém, nasceu Jesus, filho de Maria, e esse Menino iniciou um caminho do qual todos somos herdeiros. Olhar para esse acontecimento que marca a história é sermos introduzidos na história da Salvação, no projeto de Deus que vem até nós, de uma forma muito especial, em Seu Filho Jesus.

No Advento também preparamos a última vinda do Senhor. Ele há de vir na Sua glória, no final dos tempos. O Advento é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está “ancorada” em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação. Com esta confiança construímos, agora, o nosso presente e olhamos para o futuro com olhos de esperança, com os olhos de Deus.

Tempo de vigilância e oração

Mas “Deus vem!”. Ele vem agora, no hoje das nossas vidas. Advento é, por isso, tempo de vigilância e de oração, tempo de perceber e experimentar a presença de Deus, a sua visita constante às nossas vidas. Deus vem agora a nós de muitas maneiras, através dos acontecimentos e das pessoas. Seja, pois, este tempo um estímulo para estarmos com os olhos e os corações bem abertos, vigilantes e atentos à descoberta da presença de Deus nas nossas vidas, na Igreja e na sociedade, na família, no trabalho, na escola, na dor e na alegria.

Veio, virá e vem sempre. Não é um simples movimento constante de aproximação, mas revela-nos quem é Deus: um Deus que continuamente se aproxima do homem, o resgata e recria. Não é um Deus ausente e desinteressado da nossa vida, mas é um Pai que vela por nós, com amor e carinho. O Advento será, assim, um tempo para reconhecermos Deus tão próximo, que nos impele a agir, a reagir, a dar resposta ao Seu amor, a saborear a alegria da nossa filiação divina.

“Deus vem!”. Para compreendermos o significado profundo destas palavras podemos olhar para aquela pessoa, graças à qual se realizou, de modo único, singular, a vinda do Senhor: a Virgem Maria. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4).

Seja Maria, Mãe do Deus que vem, a caminhar conosco neste tempo de Advento, rumo à grande celebração do nascimento de Cristo. Seja a Mãe de Deus modelo para cada um de nós. Modelo para aqueles que esperam a vinda do Salvador com alegria, modelo para aqueles que se sabem frágeis e necessitados de Deus, mas, ao mesmo tempo, responsáveis, colaboradores e comprometidos na Sua obra. Maria foi colaboradora nessa ação de Deus, aceitando ser a Mãe do Seu próprio Filho: ela deu ao mundo Cristo Jesus, o Emanuel, Deus conosco. Com ela podemos também nós dar Cristo ao mundo de hoje; podemos viver n’Ele e anunciá-Lo, através dos nossos gestos, visitas, trabalhos e palavras, na vida de todos os dias.

Para viver de maneira mais autêntica e frutuosa este período de Advento, coloquemos o nosso olhar em Maria Santíssima, a Virgem do Parto, e Ela será caminho para o Menino Deus. Quando Deus bateu à porta da sua vida jovem, ela recebeu-o com fé e com amor. Agora é Deus quem bate à porta do nosso coração. Não tenhamos medo e deixemos que Deus penetre e enriqueça a nossa vida com os dons do Seu Amor.

Seja esta a nossa oração: “Vinde Senhor Jesus!”

Monsenhor André Sampaio de Oliveira,

Mestre e doutor em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma

Formado pela Pontifícia Academia Eclesiástica – Escola Diplomática da Santa Sé.

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